domingo, 28 de setembro de 2008

QUANDO SE PERDE A "VISÃO" DO REINO DE DEUS

João 1.23 – “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.”

João Batista tinha convicção do seu ministério: preparar o caminho do Senhor! Ele proclamava o arrependimento e batizava os que recebiam sua mensagem, para que estes estivessem “prontos” a receber o Messias.

Teve muitos discípulos. Chama a atenção o fato de que João Batista deveria estar atento a duas coisas:

1. Preparar as pessoas para receberem e seguirem o Cristo que deveria vir.

De certa forma ele fez isso – Jo 1.35-37 = “No dia seguinte, João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. Quando ele viu Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus. Os dois discípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus”. Digo de certa forma porque João Batista preparava o caminho para o Messias, mas, com a chegada do Messias, João deveria reunir seus discípulos e apontar Jesus para ser seguido. Entretanto, Jesus tomou um rumo com seus discípulos e João tomou outro, também com seus próprios discípulos.

Em Jo 3.22-36, podemos ver claramente essa cena. Especificamente no versículo 25, vemos a expressão “alguns discípulos de João”.

2. O próprio João Batista deveria se inclinar ao ministério de Jesus e se submeter a Ele, como um de seus discípulos.

João tinha entendido que não era o Cristo, mas que tinha sido enviado adiante dele: “Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.” (Jo 3.28). Acredito que João Batista deu muito mais valor ao trabalho que tinha a realizar, do que ao próprio Cristo.

João teve uma revelação da obra de Jesus muito incrível, mas vejo que ele mesmo não se apercebeu que deveria fazer parte dela. Digo isso porque no v. 29, do capítulo 3 do Evangelho de João, ele faz a seguinte declaração: “A noiva pertence ao noivo. O amigo do noivo, que lhe assiste, espera e ouve, e alegra-se muito com a voz do noivo. Essa alegria é minha, e agora está completa”. João recebeu a revelação de que Jesus, o noivo, veio para preparar sua noiva, a fim de se unir com ela. Entretanto, João se compara ao amigo do noivo, e não à noiva. É incrível como João estava tão empolgado com a obra que Deus lhe confiou que não parou para pensar que ele, João, deveria fazer parte da noiva. O Senhor nos chamou para estarmos com Ele, e para trabalharmos para Ele. Há um perigo muito grande de entusiasmo maior pelo trabalho do que pelo Senhor. Maior é o Senhor, e não o trabalho que Ele quer que seja feito.

A FALTA DE INTIMIDADE COM DEUS PODE NOS FAZER PERDER A DIREÇÃO AONDE DEVEMOS IR.

Esse é um velho problema – desde o Éden – quando o homem deu mais valor numa árvore criada por Deus, do que no próprio Deus.

Preciso entender, a cada dia, que o Senhor é a minha força; eu sou dele e Ele é meu. Jesus declarou: “Sem mim nada podeis fazer”(Jo 15.5). Não vamos fazer exatamente o que o Senhor quer se não estivermos nEle, isto é, se não mantivermos comunhão íntima e constante com Ele. Aí está o segredo de continuarmos agradando a Deus: nossa comunhão íntima e constante com Ele. João Batista havia recebido uma incumbência de Deus: preparar o caminho do Senhor. E se empenhou de tal forma que quando o Senhor chegou, ao invés de se submeter a Ele e também o seguir, continuou a preparar o caminho em outros lugares e levando consigo muitos discípulos, que deveriam estar seguindo o Cristo, e não João Batista.

SEM INTIMIDADE COM DEUS PODEMOS CONTINUAR FAZENDO ALGO QUE ELE QUER MUDAR.

Quando não mantemos a comunhão com o Senhor, trabalhamos, trabalhamos, mas nosso trabalho pode ser “em vão”. João Batista se preocupou em fazer seu trabalho, e se afastou do Senhor, o “Noivo”, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado”. Ele havia afirmado categoricamente:

Jo 1.26-34 - “…Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus”

Jo 1.29 – “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”

Jo 1.32,33 – “E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.”


Embora tivesse afirmado categoricamente, e sem titubear, que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, quando estava preso mandou dois de seus discípulos irem perguntar para Jesus se ele era aquele que deveria vir ou se viria um outro – confira em Mateus 11.2,3 – “E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?”

Nota-se que João estava em dúvida; já não tinha mais certeza de nada. Ele, na realidade, não conhecia Jesus; não tinha intimidade com Ele, como tinham Pedro, André e os demais apóstolos que largaram seus trabalhos para seguir a Jesus. Por isso se perdeu a revelação que outrora tivera acerca do Cristo. Jesus deu um testemunho a respeito de João Batista em Mateus 11.7-15. Declara que entre os nascidos de mulher João Batista era o maior de todos. Mas, acrescenta, que no reino de Deus o menor é maior que ele. Creio que se João Batista tivesse largado seu trabalho para seguir a Jesus, o testemunho a seu respeito seria outro.

Uma conclusão se impõe: não adianta ser o melhor entre os homens; o que mais trabalha, se doa, serve, etc. Devo ser o mais achegado ao Senhor. Ser como João, o apóstolo do amor, que tinha tanta intimidade com o Senhor que reclinava sua cabeça no peito de Jesus.

Que o Senhor nos dê graça para andarmos naquilo que Ele nos mostra hoje. Graça para não sermos inflexíveis, mas estarmos sensíveis ás mudanças que Ele quiser fazer.

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