domingo, 14 de setembro de 2008

Para historiador, Evangelhos apócrifos trazem poucos dados sérios sobre Jesus.

Textos 'barrados' na Bíblia despertam interesse por ter visões alternativas.
Obras, porém, são muito tardias, além de 'copiar' evangelistas oficiais.

O menino Jesus usa seus superpoderes para matar um amiguinho e dar vida a passarinhos de barro; uma parteira anuncia que, após o nascimento de Cristo, a virgindade de Maria foi milagrosamente restaurada; Judas é um bom sujeito, que só traiu seu mestre quando o próprio pediu; Maria Madalena e Jesus vivem aos beijos, e a ex-endemoninhada é a discípula favorita do Messias.

Bem-vindo ao maravilhoso (ou assustador) mundo dos Evangelhos apócrifos, textos sobre a vida de Jesus que não foram incluídos no cânon, ou seja, no conjunto de livros oficialmente aprovados pelo cristianismo. Há pesquisadores que vasculham esses livros, muitos dos quais em estado fragmentário, em busca de informações valiosas que não teriam sido preservadas (ou teriam sido deliberadamente varridas para debaixo do tapete) pelos evangelistas "oficiais". O esforço vale a pena? O mais provável é que não.

A opinião é de John P. Meier, autor da aclamada série de livros "Um Judeu Marginal" sobre o Jesus histórico. O argumento de Meier é simples: é praticamente impossível demonstrar que os evangelhos apócrifos mais populares entre os historiadores, como o Evangelho de Tomás e o Evangelho de Pedro, não tenham, na verdade, usado como base os Evagelhos canônicos, os bons e velhos Mateus, Marcos, Lucas e João, encontráveis em qualquer Bíblia.

Estruturas literárias básicas, como a ordem dos ditos de Jesus, parecem seguir de perto os textos canônicos. Além disso, a datação dos apócrifos aponta para uma composição décadas ou até séculos depois dos Evangelhos oficiais. E há alguns detalhes teológicos suspeitos nas narrativas apócrifas: muitos deles seguem o chamado gnosticismo, uma vertente esotérica do cristianismo primitivo que considerava o mundo material uma esfera corrompida e naturalmente ruim da existência e pregava o acesso a um conhecimento secreto para se libertar dele.

A importância do apóstolo Tomé ou de Maria Madalena nos textos gnósticos provavelmente não tem a ver com o papel histórico desses personagens, mas com o uso dessas figuras como contraponto aos sucessores de apóstolos como Pedro e Paulo, principais líderes das comunidades cristãs após a morte de Jesus.

FONTE: (Acreditem!!! Reinaldo José Lopes do G1 em São Paulo

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