terça-feira, 18 de março de 2008

Apostolado ou apostolice?

Já faz algum tempo eu andava curioso por conhecer melhor o chamado movimento apostólico. Não estou falando da Igreja Primitiva, não. Refiro-me aos apóstolos de nossos dias, esses que começaram a pipocar depois de 1980. Então, há pouco mais de um mês, convensando com um amigo meu Jeffrey, que mora em Arkansas, nos EUA. Tive a grata surpresa de saber que ele está investigando o assunto, como parte de seus estudos de pós-graduação. Eu, um leigo no assunto, diante de um "expert"... É claro que bombardeei-o de perguntas.

Descobri várias coisas. Existem pelo menos três grandes redes apóstolicas. É isso mesmo. São três redes. Quer dizer, estão divididos. Desde logo, vê-se que os apóstolos do século XXI não são um exemplo de unidade em Cristo. Em todas as três redes há uma fortíssima ênfase na batalha espiritual. A maior das redes é de linha carismática. Outra é messiânica, e a terceira é judaizante. Aliás, fiquei de queixo caído ao saber que os apóstolos da linha judaizante negam que Jesus seja Deus.

O movimento apostólico ensina que cada apóstolo possui autoridade espiritual sobre territórios específicos. Um é apóstolo de Buenos Aires, outro é da Cidade do México, e assim por diante. É claro que o Brasil também já está "loteado". Segundo cálculos feitos por Jeffrey, existem hoje no mundo todo uns 10 mil "apóstolos". Estes alegam possuir a mais alta autoridade espiritual em suas respectivas regiões. Todas as igrejas, de qualquer denominação, e mesmo aquelas sem filiação denominacional estão sob a autoridade deles. Bem, pelo menos é assim que pensam.

Aproveito para mencionar que Jeffrey chegou a ser convidado por um "apóstolo" argentino para se tornar "apóstolo" nos EUA. Se tivesse aceito, o argentino teria imposto as mãos sobre Jeffrey e hoje eu seria amigo de um "apóstolo". Felizmente, Jeffrey teve o bom senso de rejeitar o convite. Fica um pouco a idéia de clube do Bolinha, com um apóstolo convidando alguém para se tornar um deles.

Pessoalmente, creio que alguns desses "apóstolos" são sinceros em seu desejo de servir a Deus, embora estejam equivocados. Mas não posso dizer isso de todos. Sem citar nomes, Jeffrey me contou casos de "apóstolos" envolvidos em escândalos sexuais, disputas por poder, enriquecimento à custa das igrejas, etc. Um outro amigo me contou de um "apóstolo" aqui no Brasil que, na sua estratégia de batalha espiritual, resolveu delimitar as fronteiras de sua jurisdição. Como Jesus Cristo é apresentado na Bíblia como o leão de Judá (Apocalipse 5.5) e como os leões demarcam seu território com urina, esse "apóstolo" começou a sair pelas ruas de sua cidade e circunscrever sua área com... sua própria urina! Quanta ingenuidade!

Uma leitura atenta do Novo Testamento nos leva a questionar não apenas certas práticas do movimento apostólico, mas o próprio movimento. Se não, vejamos:

Biblicamente a palavra "apóstolo" tem a idéia de procurador ou representante de alguém. A ênfase do vocábulo não está na tarefa em si, mas em quem deu a tarefa ao apóstolo. Por esse motivo, em várias de suas cartas, Paulo se apresenta como "apóstolo de Cristo Jesus" (Galátas 1.1; Efésios 1.1; Colossenses 1.1; 1 Timóteo 1.1; 2 Timóteo 1.1), pois é Jesus quem o havia comissionado. E essa procuração era intransferível. Nem Paulo nem os demais apóstolos da Igreja Primitiva tinham o direito de chamar alguém para ser apóstolo junto com eles. A escolha de alguém para o apostolado era prerrogativa do próprio Jesus (Atos 1.2).

Além disso, apóstolo era alguém que viu pessoalmente a Jesus ressuscitado (Atos 1.21-26). Aliás, ao defender seu apostolado, Paulo faz uma clara associação entre ser apóstolo e ter visto Jesus (1 Coríntios 9.1). Ele também afirma que Jesus ressuscitado apareceu a todos os apóstolos. No seu caso pessoal, Jesus apareceu-lhe "como a um que nasceu fora de tempo" (1 Coríntios 15.7), pois foi em circunstâncias excepcionais, após Jesus ter subido ao céu, que Paulo viu Jesus (Atos 9.3-6).

Os apóstolos do Novo Testamento caracterizavam-se, entre outras coisas, por “sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2Co 12.12; ver tb At 5.12). Isso funcionava como confirmação de que o apóstolo recebera autoridade da parte do Senhor Jesus. Os acontecimentos não eram coisas do tipo cair no culto, mas verdadeiros milagres, como cura de aleijados de nascença (At 3.2-8; 14.8-10) e ressurreição de um jovem (At 20.9-12).

Para concluir, o ministério apostólico neo-testamentário não era delimitado geograficamente. Paulo, por exemplo, foi apóstolo dos gentios (Galátas 2.8; Romanos 11.13). Não estava preocupado com territórios, mas com pessoas. Para ele não havia fronteiras. Seu interesse era levar não-judeus ao conhecimento de Jesus, não importa onde estivessem.
Minha dificuldade em aceitar o movimento apostólico dos nossos dias reside em que os "apóstolos" modernos não viram Jesus ressucitado, não foram designados pessoalmente pelo próprio Jesus, não realizam prodígios e sinais como na época do Novo Testamento e, ao contrário dos apóstolos do século I, se preocupam com a distribuição territorial. Minha conclusão é que tais pessoas declaram-se apóstolos, mas na verdade nunca o foram (2 Coríntios 11.13; Apocalípse 2.2).

Se, apesar das objeções acima, você ainda está pensando em seguir a profissão de apóstolo, é melhor se apressar. Infelizmente as áreas nobres já estão ocupadas. Mas ainda existem cidades menores sem dono. A propósito, parece que a Antártida ainda não tem apóstolo. Um continente inteiro à disposição! Alguém se candidata?

segunda-feira, 3 de março de 2008

PRIORIZANDO DEUS EM SUA VIDA!

Amados, costumo afirmar que, sem Deus, é impossível se abster das coisas malignas. Nós, por nossa natureza humana, somos muito fracos, pequeninos, sem autoridade ou força alguma para vencer o que nos afronta a integridade e o caráter cristãos. Há três elementos que colaboram para a nossa derrota: a sedução do próprio mundo, as influências demoníacas e os desejos puramente carnais, instintivos. São três contra apenas um. Assim precisamos também nos revestir de três ingredientes indispensáveis – que se resumem em um - (Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espírito Santo), com os quais nos desviaremos do mal e caminharemos para uma vida de vitória. O apóstolo Paulo escreveu: “somos mais que vencedores em Cristo que nos amou” (Romanos 8:37); “posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:13); “mas graças a Deus que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15:57).

E qual o motivo de termos uma vida tão diferente dessas garantias escritas pelo apóstolo? São palavras bonitas e de encorajamento, é bem verdade. Qual o cristão que não gosta de ler textos como esses na Sagrada Escritura ou ouvi-los em alguma pregação ou louvor? Mas eles não passarão de simples teoria se você em Cristo não estiver. E a única maneira dessas palavras se tornarem práticas e verdadeiras em sua vida é apenas através do COMPROMISSO. Sem COMPROMISSO é impossível agradar a Deus, parodiando um outro texto muito conhecido e lido na carta aos hebreus.

Uma vida de COMPROMISSO com DEUS é a chave de uma coluna espiritual bem edificada e ajustada. Quem tem apenas desejo e não estabelece o COMPROMISSO vive uma vida de instabilidade e inconstância. É como as ondas do mar, impelidas pelo vento, vão e voltam, mas nunca encontram destino certo. Que o Senhor JESUS nos livre do mal e nos abençoe!!